quarta-feira, 28 de novembro de 2012

Babá de 1a. viagem


Relato do Tio @Fabitof

“Não sou tio de primeira viagem, já tenho quatro sobrinhos e convivi com um deles durante um pouco mais do primeiro ano de sua vida. Então já ouvi muito choro de bebê, já tive bebê deitado na minha cama, já tive bebê engatinhando e andando pelo meu quarto, olhando desconfiado pra mim enquanto mexia nos meus bonecos. Mas nunca, Nunca, NUNCA fiquei sozinho com nenhum dos meus quatro sobrinhos, ou criança alguma.

Atualmente, por motivos de vida, não moro na mesma cidade de nenhum dos sobrinhos, mas faço tipo visitas anuais para acompanhar o crescimentos dos mesmos e lembrá-los que eles têm um tio. Um tio que não é lá o maior fã de criança e é um pouco desajeitado com elas, mas que se enche de alegria quando vê como os sobrinhos são lindos e espertos.

Na minha última visita-tio, passei uma semaninha em Brasília e tive duas experiências como babá. Como por razões de agenda não poderia ir à festa de aniversário conjunta de 4 anos do Ca-Caio e de um ano do casal Iago e Lys, fui antes para revê-los e brincar um pouco com a criançada. Cheguei na terça à tarde e só vi os sobrinhos à noite. Ca-Caio ficou tímido como sempre, e Iago e Lys só fizeram uma coisa quando me viram: choraram...

Depois do susto do rapaz barbado instalado na brinquedoteca deles, os bebês se acostumaram com minha presença. Logo na quarta à tarde, o primeiro desafio: fiquei sozinho com o Ca-Caio em casa. Queria ter levado ele ao cinema ver “Frankenweenie”, um lindo filme infantil meio de terror em 3D, mas o bom-senso (a mãe dele) não deixou. Ficamos em casa, desci com ele para o parque, corremos, jogamos bola e ele passou a tarde me chamando de pai, de avô, de tudo, menos de tio.

Quando uma chuva se anunciou pela frente, subimos, brincamos mais e mostrei uns vídeos do Pato Fu e uns mp3 de rock (Beatles, Elvis Presley, Rolling Stones, David Bowie), mas ele não se mostrou interessado (tenho que salvar pelo menos um sobrinho do gosto musical dos pais, uma missão que não vou abandonar assim tão fácil!). A tarde foi divertida, nada tensa, mas, em algum momento, senti que tanto eu quanto ele estávamos cansados. Meu repertório de tio se esgotou, e ele queria os pais.

Acho que a mãe dele queria me mostrar um pouco, com essa simples tarde, do que me esperava no domingo. Os pais do três iriam a um casamento e um boato se espalhou pelo Plano Piloto de que eu ficaria cuidando dos três. A princípio, achei que fosse brincadeira, mas a medida que o domingo foi chegando, vi que a coisa era séria.

Eu tentei transparecer calma, até porque as coisas poderiam correr bem. Segundo a Sylvia, eles não demorariam no casamento, e os bebês já teriam comido e dormiriam nesse tempo em que eles estariam fora. Teria apenas que ficar com o Ca-Caio vendo filmes e brincando. Fácil se as coisas rolassem como na terça à tarde.

Mas a vida não é assim tão simples, né! Vi que as coisas não seriam fáceis quando o Ca-Caio começou a passar mal pouco antes dos pais saírem. O rapazinho vomitou praticamente a alma duas vezes, e, por um momento, achei que os pais fossem desistir da saída. Mas nada, logo o Ca-Caio dormiu, os bebês dormiram, eu fiquei acordado tenso e os pais das crianças continuaram se arrumando para sair.

Antes mesmo deles saírem, outro problema à vista: os dois lá todos prontos, e a Lys me acorda! O.o Coloquei a mocinha nos braços e a levei até a cozinha para os pais poderem sair sem ela fazer um escândalo. Os pais saíram, mas ela fez o escândalo mesmo assim. Daí pra frente, foi o horror, o horror!!! A Lys não deu folga pro tio um segundo sequer: chorava na cozinha, chorava andando pela sala, chorava indo pros quartos, chorava no meu colo e chorava mais e mais. Não queria água, não queria leite, não queria bico, queria só chorar. Mesmo quando ela não tava chorando, eu queria chorar, porque sempre que eu deixava ela no chão, ela andava toda desengonçada em direção aos quartos. E eu entrava em pânico, porque não queria que ela acordasse os irmãos.

Em algum momento, liguei pros pais todo nervoso. Eu sou tio, não sou pai, não convivo com bebês, não tenho experiência, não sei o que fazer, só me restava pedir socorro, por mais que eu quisesse que os pais se divertissem sem se preocupar (percebam muita culpa nessa última frase). Liguei para a Sylvia, e ela disse pra eu tentar colocá-la no bebê-descanso (quem é que dá nome pra essas coisas?) e deixar ela vendo filminho na TV. Lys fez mais um escândalo quando a coloquei lá no troço, mas depois ficou mais quietinha. Mas eu sentia que qualquer coisa poderia quebrar esse momento de falsa paz.

E foi o que aconteceu quando o Iago acordou. O.O A princípio, em um momento, ele chorou um pouco no berço, mas foi só colocar a chupeta que ele voltou a dormir. Chorou mais uma vez, mas a chupeta me salvou pela segunda vez. Depois de um tempo, o terceiro choro veio com tudo e não teve chupeta que desse jeito. Peguei ele no braço e comecei a fazer uns zunidos para acalmá-lo. Levei ele pra sala e quando a Lys me viu com ele no braço, claro que ela só fez uma coisa: abrir a berreiro. Mas logo ela se conformou e voltou a ver desenho.

Iago voltou a chorar e nessa resolvi colocar ele no bebê-conforto também. Já estava chorando mesmo, então o melhor era aproveitar a oportunidade (uma constatação: como é difícil colocar um bebê naquelas coisas, como eles são fortes e se recusam a ficar ali). A “paz” voltou a se reestabelecer quando começou a passar Backyardigans na TV (como crianças gostam disso, né, eles nem piscam – Todo meu amor, carinho e respeito a quem criou esse desenho!).

Entre o choro de um, o choro de outro, o choro dos dois e o meu nervosismo de principiante, passei um whatsapp pros pais dizendo que os dois estavam acordados, deixando uma mensagem bem sútil, subliminar e nas entrelinhas, só que não, de que achava que o melhor era eles voltarem. E eles voltaram. Nesse meio tempo de volta, Iago voltou a chorar e tudo se resolveu com duas mamadeiras (fiz uma, ele tomou e, claro, começou a chorar quando acabou, então fiz mais uma e teria feito mais quantas eles quisesse até parar de chorar; Lys vendo o irmão “comendo” fez o quê: chorou, claro! Mas na hora que preparei uma para ela, ela fez o quê: não quis a mamadeira).

Quando o Felipe e a Sylvia voltaram, foi um alívio. Os bêbes abriram um sorriso lindo quando viram os dois, e eu respirei feliz. Enfim, foram cerca de três horas, mas foi o suficiente. Não tive um momento de calma, minha expressão era de terror por não saber como lidar com a situação. Brincar com bebês com os pais à vista é uma coisa, mas sozinho, sem ter a quem recorrer, é osso! No frigir dos ovos, fiquei feliz porque pelo menos o Ca-Caio me deu trégua e não acordou. Podia ser pior. Mas vou ser honesto: não quero repetir a experiência.


PS: Segundo a Sylvia, os bêbes estavam chorando porque tinham feito cocô. Eu, claro, nem me atentei para verificar isso. Mas nem que tivesse me atentado, não saberia o que fazer em uma situação desses. Entre o choro e o cocô, fico com o choro. =) “

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